Carlos Fávaro afirmou que o acordo UE-Mercosul será assinado
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou na noite desse domingo (1/12) que a inflação brasileira, puxada pela alta nos preços dos alimentos, é causada pela desconfiança e pela especulação do mercado financeiro.
Em entrevista à Globo News, Fávaro disse que a safra em curso será boa e que não haverá falta de produtos básicos no país. Ele destacou a possibilidade de recorde na produção de soja e milho, o crescimento do cultivo de arroz, a estabilidade no feijão e na produção de carnes.
“O que está acontecendo para que os alimentos subissem tanto nos últimos dias se a safra não tem a perspectiva de falta de nenhum dos produtos da cesta básica brasileira? O que está acontecendo é especulação do mercado financeiro”, disse o ministro.
“Com o dólar a R$ 6 gera inflação de alimentos, e é nitidamente uma especulação do mercado financeiro”, completou.
Fávaro ainda pediu um voto de confiança do mercado financeiro à equipe econômica do governo e às medidas anunciadas recentemente para o corte de gastos.
Acordo Mercosul-União Europeia
Na entrevista, Fávaro disse que o episódio com o Carrefour, que anunciou um boicote às carnes brasileiras nas suas lojas francesas na semana passada e depois pediu desculpas por ofensas à qualidade e sanidade do produto, está superado e que não há nenhum problema diplomático entre Brasil e França.
“É o direito de espernear e talvez usar esses fatos, que não são verdadeiros, para querer melar o acordo, atrapalhar o acordo [Mercosul-União Europeia]. Mas no nível governamental não há nenhum incidente diplomático com a França, muito menos com a comissária europeia”, disse Fávaro na entrevista.
O ministro demonstrou confiança e otimismo na assinatura do acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia no fim desta semana, durante visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Montevidéu, no Uruguai, para a reunião da cúpula do bloco sul-americano. Em mais de uma oportunidade, ele disse que a bola da vez está com Ursula von der Leyen, a comissária europeia, para definir a assinatura do acordo.
Fávaro afirmou que esse tema está muito “maduro” e destacou o empenho pessoal de Lula no assunto, que teria discutido, inclusive, as cotas de exportação com alguns países.
O ministro ressaltou ainda que há oportunidade de crescimento das exportações do agronegócio brasileiro com a eventual concretização do acordo, mas que os termos preservam a indústria nacional e preveem estabilidade dos países quanto aos seus comércios, com potencialidades e vulnerabilidades.
“O risco de atacar os produtores franceses [com altas exportações brasileiras pra lá] é muito mínimo, porque são cotas, serão respeitadas as preferências locais, como o Brasil também precisou tomar todos os cuidados para que a nossa indústria não sofra ataques desestruturantes”, explicou. Ainda assim, como explica reportagem do Valor hoje, os franceses são contra o acordo.
Ele disse que a carne brasileira é mais barata que a da Europa e que a abertura comercial dá oportunidades aos países europeus no combate à inflação local, com aumentos pontuais de importação do produto sul-americano.
“Há uma sinalização para o mundo muito importante [com o fechamento do acordo]”, afirmou.